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Os editores do conhecido dicionário de Oxford têm uma difícil tarefa cada final de ano: Eleger a palavra de maior destaque no mundo de fala inglesa. Não precisa ser necessariamente um neologismo, mas deve ser uma palavra que tenha se sobressaído na comunicação pública, em função da sua capacidade de captar a atmosfera reinante na sociedade como um todo, no contexto social anglo-americano. Seguindo tal critério, o mais novo morador do dicionário de Oxford será o verbete ‘pós-verdade.’ Sendo uma invenção recente, ‘pós-verdade’ perambulava nos lábios do povo, qual indigente ‘sem-teto’ na comunidade lexical da língua inglesa. Agora, tendo vencido a corrida eleitoral vocabular, recebeu como prêmio a honra de figurar entre os adotados na grande família de termos do Oxford.

Mas, para esquecermos a verdade, enquanto tratamos de ‘pós-verdade’, nem cairmos no erro fatal de falar antes de ouvir, que, segundo Salomão, seria ‘estultícia e vergonha’ (Prov. 18:13), entendamos o significado de ‘pós-verdade.’ Segundo os mestres do Oxford, o termo pós-verdade “se refere a circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes em moldar a opinião pública que os apelos emocionais e as crenças pessoais.” Ou seja, aquilo que é objetivo, observável e mensurável é menos importante do que aquilo que é subjetivo e emocional. Trocando em miúdos, fatos objetivos são de competência da verdade; percepções emocionais subjetivas pertencem à ‘pós-verdade.’

Olhando de maneira displicente, pode-se achar que o debate em torno da ‘pós-verdade’ não passa de uma querela acadêmico-filosófica, de pouca importância para o ‘mundo real.’ Quem dera fosse assim! De fato, a escolha do termo fala muito sobre a realidade nossa de cada dia, pois a Times afirma que esse termo pode se tornar uma palavra definidora do nosso tempo. Embora surgida há pouco, ‘pós-verdade’ entra no dicionário porque tem fôlego semântico bastante para descrever um movimento iniciado na década de 60, que manteve-se nos anos 70 e 80, e chegou ao ápice na década de 90.

Para melhor compreensão, lembremos que atualmente vivemos a chamada era pós-moderna. Antes, na era moderna, quando a ciência era uma deusa e o cientista um sumo-sacerdote, para uma afirmação qualquer ser tida como verdadeira tinha que receber o ‘aceite-se’ da lógica linear, sob os ditames de observações metodológicas indiscutíveis e, de preferência, receber a confirmação de uma equação matemática. Tudo muito mecânico, construído sobre pressuposições naturalistas. Na forma moderna de pensar, não havia espaço para o sobrenatural, que na melhor das hipóteses seria aceito com uma superstição inofensiva ou, no outro extremo, seria tido como herança retrógrada da Idade Média, que atrasava o progresso humano. Verdades reveladas por Deus estavam fora de cogitação; ateísmo era sinônimo de intelectualidade. No máximo, os sábios do mundo iriam admitir a possiblidade de um Ser espiritual que, além de intangível, estaria totalmente separado da natureza e da história humana. O homem era a medida de todas as coisa, o céu era o limite, a humanidade havia chegado à maioridade, Deus e Sua Palavra estavam obsoletos. O futuro estava garantido. A fórmula era simples: ‘Ordem e progresso.’

As coisas pareciam ir bem no mundo natural, mas no mundo social as incógnitas surgiam cada vez mais complexas. Dois mais dois já não dava quatro. Os processos usados para equilibrar os membros da equação não funcionavam. Crescia a desordem e florescia o regresso. Assim, desesperados, os homens decidiram que era impossível encontrar o ‘x’ da questão. A ciência? Em geral, ia muito bem obrigada, não fossem os ‘maravilhosos’ experimentos malignos, como, por exemplo, a chamada ‘Solução Final’, pela qual os capazes engenheiros alemães conseguiram achar um meio de matar mais gente, gastando menos. Na desenvolvida Alemanha, a vida de um judeu valia menos que uma bala de fuzil, por isso as câmaras de gás eram um verdadeiro primor tecnológico da máquina mortífera alemã.

Perplexos, os homens viam o trem saindo dos trilhos, sem saber explicar o motivo. Tendo decidido desprezar a verdade revelada nas Sagradas Escrituras, seus raciocínios não levavam em conta termos como queda, corrupção humana, pecado, culpa e morte. Tinham resolvido que o Cristianismo histórico era mera ilusão, de uma era de mentes subdesenvolvidas. Sabiam que a solução era o homem se voltar para Deus, mas eram orgulhosos demais para agir como o Filho Pródigo. Ao invés de reconhecer que tinham trocado a verdade pela mentira, anunciaram que o problema era que a Verdade não existe, por isso não a estavam encontrando. Nasce, a partir desse ponto, slogans tais como: tudo é relativo, cada cabeça é uma sentença, os fatos não são o que parecem, a validade de uma afirmação depende do tempo e do modo, ninguém pode afirmar que conhece a Verdade. Essa é a essência da pós-modernidade, sendo a ‘pós-verdade’, sua principal marca d’água.

Muito mais poderia se dizer acerca do emaranhado confuso da pós-modernidade, mas, indo direto ao ponto, a verdade é que existe a Verdade, e tudo que fica além ou aquém dEla é mentira. Por que a Verdade é parte indestrutível da trama da realidade, as falácias filosóficas que se empenham por destruí-la, terminam exterminando o homem, que, na sua revolta contra Deus, conforme disse Davi, se torna qual lesma, que passa se diluindo (Salmo 58:8).

A situação é crítica e urgente, pois se atingimos o ponto da ‘pós-verdade’ onde impressões subjetivas contam mais que fatos objetivos, significa que chegamos à era da ‘pós liberdade’, da absoluta escravidão, pois Jesus afirmou: “... conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8.32).

Mas, se a situação presente é preocupante, muito mais é o que vem pela frente. Os homens podem inventar a ‘pós-verdade’, mas não podem criar a ‘pós-eternidade’. Isso é muito importante, pois, querendo ou não, os homens ainda precisam reagir às palavras de Cristo, que diz: ‘Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.’(Jo. 14:6). Sem a Verdade, não se chega ao Pai. Ou seja, qualquer um fica perdido sem a verdade, objetivamente perdido. Essa é a dura realidade!

A serviço do Mestre,
Pr. Jenuan Lira
Pastor da Igreja Bíblica Batista do Planalto Print or Generate PDF

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